Perdoe-se
Considere que voc� est� vivendo pela primeira vez. Voc� n�o sabe bem como �
isso e tem mais perguntas sobre sua exist�ncia do que respostas. Ningu�m te deu
um roteiro, como d�o para os atores encenarem. No palco da vida, voc� passa a
maior parte do tempo improvisando.
Considere que se voc� n�o est� mais improvisando em algumas coisas, � porque
voc� aprendeu � por meio da experi�ncia. Aprender requer testes. Testes falham.
Errar � mat�ria prima do saber; � o saber da experi�ncia que gera consci�ncia.
Errar tem sua virtude.
Considere que a vida n�o tem bula: n�o existem orienta��es objetivas para o uso
seguro e eficaz do viver. E mesmo que passem v�rios anos tentando nos dar a bula
de outras vidas, ou seja, a experi�ncia que pessoas s�bias acumularam ao longo
dos anos, cada viver � particular. Nem sempre o mesmo rem�dio cura a mesma dor.
Considere que n�o existem verdades absolutas. Ningu�m conhece a realidade
�ltima das coisas. Existem sistemas filos�ficos,
doutrinas religiosas e
espiritualidades que at� conseguem mediar algum conhecimento profundo sobre
alguma verdade, mas s�o sempre aproxima��es. Ou seja, as pessoas sempre te
julgam baseadas num sistema de verdades provis�rias.
Considere que somos todos finitos. A sua finitude te imp�e um limite muito claro,
voc� n�o pode saber infinitamente. Aceitar nossa precariedade nos ajuda contra a
perfei��o. Voc� n�o foi feito para ser perfeito. A contradi��o entre errar e acertar �
uma tens�o permanente, porque estamos em processo de forma��o. Ningu�m
nasce pronto, somos seres em devir. Somos produto do futuro.
Considere que n�o somos definidos por nossos erros, nem por nossos acertos.
Somos definidos pelas tentativas que fazemos ao longo da vida. S�o elas que nos
revelam, no final das contas.
Considere perdoar-se porque voc� � errante, como todos n�s. Considere perdoar-se
porque voc� � imperfeito, como todos n�s. Considere dar-se segundas e terceiras
chances porque, como todos n�s, voc� precisa. Considere perdoar-se por cometer
erros que jurou que nunca mais cometeria, como todos n�s.
Considere perdoar-se, assim como dever�amos, todos n�s.