Dif�cil fotografar o sil�ncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta. N�o se via ou ouvia um barulho, ningu�m passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,.
Eram quase quatro da manh�. Ia o sil�ncio pela rua carregando um b�bado. Preparei minha m�quina.
O sil�ncio era um carregador?
Estava carregando o b�bado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras vis�es naquela madrugada. Preparei minha m�quina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na exist�ncia mais do que na pedra.
Fotografei a exist�ncia dela.
Vi ainda um azul-perd�o no olho de um mendigo. Fotografei o perd�o. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi dif�cil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de cal�a.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de bra�os com maiakoviski � seu criador. Fotografei a nuvem de cal�a e o poeta. Ningu�m outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.
Manoel de BarrosPostada por LadyEm :05/09/2020