Era uma vez
Um livro extraordinário
Contava a mesma história
Vezes sem conta
Pacientemente
Mas de todas as vezes
Era uma história diferente
As palavras eram as mesmas, sim
Mas nunca quem a ouvia
Porque os leitores são como os corações
Não há dois iguais
E já se sabe que um coração só ouve
Quando se abre à beleza do mundo
Ou é como um livro fechado
Que não serve para nada
E em vez de abrir as asas a que chamamos
Capa e contracapa
Para voar
Nasce mudo e morre calado.
Elisabete Bárbara, in lado.a.lado