Esse final de semana eu visitei um amigo, tinha alguns meses que a gente não se encontrava pessoalmente, nossa maior interação sempre foi pelas redes sociais. Já estamos na vida um do outro, há quase 2 décadas, e me recordo que estive poucas vezes na presença dele junto com a sua famÃlia, acredito que estávamos no ensino médio quando isso acontecia com maior frequência. E por ventura, esse final de semana, eles iriam fazer um churrasco em comemoração do aniversário de sua mãe, apesar de que eu só soube disso quando eu estava lá, o motivo inicial da minha visita nem foi esse, mas sim pra passarmos um tempo juntos, conversar. Mas estando lá, eu observei bastante ele no seu âmbito familiar, como tratava os cachorros, os pais, os irmãos, os sobrinhos, o cuidado que ele tinha com os pais ao acender o fogão de lenha, pedindo pra eles se afastarem, que ele mesmo o faria, com receio dos pais se queimarem, o cuidado com as sobrinhas, sendo bem vigilante com o que elas estavam comendo, pra não se engasgarem. Aquilo me encantou em certa medida, porque quando erámos adolescentes, ele não tratava a famÃlia dessa forma. Tanto que o seu comportamento foi um tema em diversas conversas nossas, ele dizia da dificuldade de se mostrar vulnerável pra famÃlia, de se mostrar como realmente ele era, sem medo ou vergonha. E eu o incentivei por muitas vezes, e hoje, depois da cena que me deparei, tive certeza que o influenciei de alguma forma, senti muito orgulho dele! Ter conhecimento que os seus movimentos trazem impactos positivos na vida de alguém, me faz sentir que eu estou no caminho certo, assim como sei que muitas pessoas me impactaram da mesma forma, no decorrer da minha existência. Então vejo que ele cresceu, amadureceu, e hoje consegue mostrar mais o que sente, o seu lado carinhoso, amoroso, o seu coração leal e bondoso, lado estes que eu já conhecia, mesmo ele sendo uma pessoa de poucas palavras, mas ele demonstra com ações, atos de serviço é a sua forma de demonstrar o seu afeto por alguém. Na realidade eu nunca consegui ter conversas profundas com ele, das vezes que eu tentei/tento, ele só me olha, presta atenção, me escuta e sorri. De fato, eu nem sei se ele concorda ou discorda, se entende o que eu digo, mas uma coisa é certa, ele pára pra ouvir, ele presta atenção, ele está totalmente presente, ele desliga o celular ou o coloca em um canto e fica ali, me olhando como se eu fosse um jogo de futebol do flamengo, que é o seu time preferido, assim como eu também me porto da mesma maneira com ele, quando é ele quem quer falar. Eu valorizo muito isso, principalmente vindo de pessoas que são importantes pra mim, e confesso que sou apaixonada nas minhas amizades, por quem já foram, por quem são, pela forma que cada um luta pelos seus propósitos, sonhos, a construção que almeja pra si, os jeitos e trejeitos, as várias versões.
De uns anos pra cá, eu ando seletiva com muitas coisas, principalmente quando se trata de sair de casa, a interação com outras pessoas, quando eu me disponho a estar com alguém, seja presente fisicamente ou não, conversar por mensagem, quando eu coloco o meu tempo, a minha energia, isso gera tempo de qualidade, é isso que ando buscando ultimamente. Não tem necessidade de sempre haver constância quando se trata de relações humanas, pelo menos não pra mim, até porque eu sei que as pessoas andam ocupadas com o seu corre, sonhos, trabalho, estudos, tantas questões pra resolver e lidar, e honestamente muitas vezes até eu preciso de um tempo, só com a minha própria companhia, o meu descanso, da minha individualidade eu não abro mão, assim como eu respeito demais o espaço dos outros. E eu acho um saco esses termos que agora estão sendo muito discutidos atualmente, esse lance de prateleiras, de alta ou baixa manutenção nas relações, eu nem sei se isso funciona. A questão que pra mim, nada disso importa, porque independente disso, eu me apaixono pela forma como as pessoas me tratam, é isso que me faz ficar na vida de alguém, isso é muito bonito! Eu gosto de olhar pras relações que eu tenho hoje, algumas de muitos anos, outras mais recentes, e perceber que boa parte delas foram construÃdas na simplicidade, nos detalhes pequenos, com naturalidade e leveza, e que cada um demonstra o que sente de uma forma, isso é ser humano praticando a sua diversidade. Uma outra coisa que eu aprecio, é a forma que as pessoas se recordam de ti, e você delas, o que foi cativado, é olhar pra alguém e ter sabedoria de compreender que ambos se esbarraram e deram algo um pro outro. Ninguém superficial tem relações profundas, não tem lógica: Alguém que é profundo tem muito pra dar. Existe uma frase filosófica que eu acho linda, que diz: Que ninguém passe por ti, e diga: "Eu passei por ele e não me deu nada." Pra isso, você tem que ter o que dar, algo real que dar. Acredito que além da nossa desconstrução, uma das melhores coisas que podemos fazer por nós mesmos e por aqueles que amamos é crescer como ser humano, que a nossa expansão não tenha fronteiras ou limites, mas que seja infinita.
— .(Escrito dia 27/02/2025, ás 10:20).