Precisei de me perder para me reencontrar.
Vagueei, vivi em piloto automático, em stress constante, em vigÃlia, em tristeza e agonia. Cuidava, preocupava-me em excesso.
Tive medo de muitas coisas, pensei que não sobreviveria a outras.
Fiz loucuras, chorei muito, dias a fio. Chorei com vontade, na tentativa de que um dia as lágrimas secassem. Chorei porque não aguentava mais, porque o copo dentro de mim transbordava, porque a roupa interior que me cobria as emoções deixaram de me servir e não queria aceitar a mudança, mas por outro lado, queria com todas as minhas forças mudar.
Ansiei pela morte e arrependi-me disso. Pedi perdão por ter desejado isso.
Queria experimentar as minhas asas e elas estavam fracas de tanto as ter guardado.
Apaixonei-me por pessoas inusitadas, encontrei com elas algumas ferramentas que me faltavam para poder consertar-me.
Consertei-me, continuo com esse trabalho constante, o de aperfeiçoar o meu voo. O de me aperfeiçoar a mim própria para poder ser melhor para os outros e para mim. Para poder, também, ajudar os outros.
Ana Silvestre