Era assim. Na escurid�o da noite eu procurava o corpo paterno. Aconchegava-me ao seu lado e punha aten��o no compasso de seu respiro de homem. A tudo eu contemplava. A voz grave, a postura de quem n�o conheceu as delicadezas do mundo, a exata medida das m�os que minhas m�os gostariam de ter, tudo observado em silenciosa admira��o. A barba cerrada, o olho capaz de enxergar-me no escuro, o al�vio do medo, a devolu��o da vida. Meu pai e seu mundo profundo. Eu e meu mundo de estreitezas. Ele, na liberdade de estradas que n�o conheciam destino nem fim. Eu, na solid�o de paredes sensatas, prova de que os la�os de sangue podem nos privar das alegrias, ocultando-nos em abrigos in�spitos onde prevalecem as pregas da cortina que nos desprotege sem piedade.
Vov�, (F).